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A Arquitetura de Joseph Kosinski em “ Oblivion”

Postado por Arquitetura e Cinema por Paulo Leônidas em terça, março 19, 2019


      
   
        Sobre as apocalípticas nuvens de uma Terra devastada, levanta-se a casa "Sky Tower" do filme “Oblivion” (2013), escrito e dirigido pelo diretor Joseph Kosinski. A estrutura, que parece ser inspirada na Casa Stahl, de Pierre Koenig, se compõe de linhas modernistas e grandes fachadas de vidro sem montantes, incluindo um heliporto estendido sobre uma impressionante piscina transparente. A casa está estruturada apenas por uma coluna incrivelmente delgada, que parece não ser afetada pelo vento ao longo do filme.

O filme é estrelado por Tom Cruise, Olga Kurylenko e Morgan Freeman e é baseado em sua história em quadrinhos não publicada, de acordo com Kosinski, Oblivion é uma homenagem aos filmes de ficção científica da década de 1970.

Jack Harper (Tom Cruise) é o responsável pela manutenção de equipamentos de segurança em um planeta Terra irreconhecível, visto que a superfície foi destruída devido a confrontos com uma raça alienígena. O que restou da humanidade vive hoje em uma colônia lunar. Jack irá para este local daqui a duas semanas, já que está perto de terminar seu trabalho na Terra. Só que, um dia, ele encontra uma espaçonave que traz uma mulher dentro. Ao conhecê-la, tudo o que Jack sabe até então é posto em dúvida. É o início de uma jornada onde ele precisará descobrir o que realmente aconteceu no passado.

O diretor concebeu o desenho da torre baseado em representações de um modelo 3D, realizado por ele mesmo. Joseph Kosinski é formado pela Universidade de Columbia em licenciatura na Arquitetura, o que explica a forte influência arquitetônica em seu filme.  “Construí os modelos iniciais da torre em 3D, como croquis”, disse Koskinski. “Foi um modelo muito simples em comparação com o que está presente no filme, mas o conceito básico estava ali desde o princípio. Assim foi como começou tudo”.

Com mais de 40 anos de idade, o diretor se divertiu com um sofisticado software de modelagem tridimensional para dar forma às ideias que tinha. “Na escola de arquitetura, fui bem trabalhando desta maneira”, conta. “Para mim, é quase como um bloco de desenhos. Me permite ver a realidade da estrutura. Não é uma foto real, mas é suficiente para visualizar a ideia”.

Da nave de Jack à cozinha da base de operações, tudo parece intuitivo e familiar. Essa sensação é resultado de uma premeditada homenagem à ficção científica das décadas de 60 e 70, começando em “2001 Uma Odisseia no Espaço” e passando por “Star Wars”, “Solaris” e “Alien O Oitavo Passageiro” , e do uso calculado dos efeitos visuais, que alternam recursos práticos e de computação gráfica com precisão. Há também uma preocupação visual em demarcar territórios, com a fotografia de Claudio Miranda (vencedor do Oscar por “As Aventuras de Pi” e colaborador de Kosinski em “Tron  O Legado”) evidenciando o contraste entre a assepsia hospitalar do universo de Jack e o aspecto primitivo e sombrio dos seres invasores.

Mesmo com essa importância imagética de Oblivion com o trabalho magnífico de desenho de produção de Darren Gilford e do diretor de arte Kevin Ishioka, o filme não supera seu roteiro problemático (que passou pelas mãos dos renomados Karl Gajdusek e Michael Arndt). Há mais na rotina de Jack do que mostram suas missões para coletar recursos e conforme se desdobram as reviravoltas da trama, o filme passa a exigir esforço dobrado do espectador.

Apesar das ideias interessantes, o fraco desenvolvimento dos personagens fora do triângulo amoroso atrapalha o fluxo da trama complexa (Morgan Freeman e Nikolaj Coster-Waldau são pouco mais do que figurantes de luxo) e os diálogos preguiçosos, que vão do insípido ao clichê, transformam Oblivion em um filme onde são necessárias muitas concessões para se aproveitar o produto final, mas a arquitetura aparentemente se transforma no principal protagonista do trabalho.



Tags: a arquitetura de joseph kosinski em “ oblivion” paulo leônidas 

Arquitetura e Cinema


Paulo Leônidas é arquiteto (Ufrgs)/ Warsaw University/ Architectural Association AA Especialista em Arquitetura Habitacional (Propar/Ufrgs) Mestrado Arquitetura (Propar/Ufrgs) Atuou até 1993 como professor na Escola de Arquitetura (Ufrgs). Pesquisador do tema “Cinema como Arqueologia da Arquitetura”. A partir de 1994 inicia na área do cinema, Diretor de arte, cenógrafo de grandes redes de televisão e Diretor de cena, roteirista de longas e curtas metragens, documentários e também séries para tv, atividade que desempenha até o momento. Em 2015 lança, em parceria com o historiador Carlos Pereira, o romance histórico: “1844: Romeu e Julieta”. Realiza diversas curadorias de exposições e publica diversas críticas, tais com artigos e ensaios, sobre a Arquitetura e o Cinema.

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