A Arquitetura de Joseph Kosinski em “ Oblivion”
Sobre as apocalípticas nuvens de uma Terra
devastada, levanta-se a casa "Sky Tower" do filme “Oblivion” (2013),
escrito e dirigido pelo diretor Joseph Kosinski. A estrutura, que parece ser
inspirada na Casa Stahl, de Pierre Koenig, se compõe de linhas modernistas e
grandes fachadas de vidro sem montantes, incluindo um heliporto estendido sobre
uma impressionante piscina transparente. A casa está estruturada apenas por uma
coluna incrivelmente delgada, que parece não ser afetada pelo vento ao longo do
filme.
O filme é estrelado por Tom Cruise, Olga Kurylenko e Morgan Freeman e é baseado em sua história em quadrinhos não publicada, de acordo com Kosinski, Oblivion é uma homenagem aos filmes de ficção científica da década de 1970.
Jack Harper (Tom Cruise) é o responsável pela
manutenção de equipamentos de segurança em um planeta Terra irreconhecível,
visto que a superfície foi destruída devido a confrontos com uma raça
alienígena. O que restou da humanidade vive hoje em uma colônia lunar. Jack irá
para este local daqui a duas semanas, já que está perto de terminar seu
trabalho na Terra. Só que, um dia, ele encontra uma espaçonave que traz uma
mulher dentro. Ao conhecê-la, tudo o que Jack sabe até então é posto em dúvida.
É o início de uma jornada onde ele precisará descobrir o que realmente
aconteceu no passado.
O diretor concebeu o desenho da torre baseado em
representações de um modelo 3D, realizado por ele mesmo. Joseph Kosinski é
formado pela Universidade de Columbia em licenciatura na Arquitetura, o que
explica a forte influência arquitetônica em seu filme. “Construí os modelos iniciais da torre em 3D,
como croquis”, disse Koskinski. “Foi um modelo muito simples em comparação com
o que está presente no filme, mas o conceito básico estava ali desde o
princípio. Assim foi como começou tudo”.
Com mais de 40 anos de idade, o diretor se divertiu
com um sofisticado software de modelagem tridimensional para dar forma às
ideias que tinha. “Na escola de arquitetura, fui bem trabalhando desta
maneira”, conta. “Para mim, é quase como um bloco de desenhos. Me permite ver a
realidade da estrutura. Não é uma foto real, mas é suficiente para visualizar a
ideia”.
Da nave de Jack à cozinha da base de operações,
tudo parece intuitivo e familiar. Essa sensação é resultado de uma premeditada
homenagem à ficção científica das décadas de 60 e 70, começando em “2001 Uma
Odisseia no Espaço” e passando por “Star Wars”, “Solaris” e “Alien O Oitavo
Passageiro” , e do uso calculado dos efeitos visuais, que alternam recursos
práticos e de computação gráfica com precisão. Há também uma preocupação visual
em demarcar territórios, com a fotografia de Claudio Miranda (vencedor do Oscar
por “As Aventuras de Pi” e colaborador de Kosinski em “Tron O Legado”) evidenciando o contraste entre a
assepsia hospitalar do universo de Jack e o aspecto primitivo e sombrio dos
seres invasores.
Mesmo com essa importância imagética de Oblivion com o trabalho magnífico de desenho de produção de
Darren Gilford e do diretor de arte Kevin Ishioka, o filme não
supera seu roteiro problemático (que passou pelas mãos dos renomados Karl
Gajdusek e Michael Arndt). Há mais na rotina de Jack do que mostram suas
missões para coletar recursos e conforme se desdobram as reviravoltas da trama,
o filme passa a exigir esforço dobrado do espectador.
Apesar das ideias interessantes, o fraco desenvolvimento dos personagens fora do triângulo amoroso atrapalha o fluxo da trama complexa (Morgan Freeman e Nikolaj Coster-Waldau são pouco mais do que figurantes de luxo) e os diálogos preguiçosos, que vão do insípido ao clichê, transformam Oblivion em um filme onde são necessárias muitas concessões para se aproveitar o produto final, mas a arquitetura aparentemente se transforma no principal protagonista do trabalho.
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