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Rotatividade da recepção na hoteleira...

Postado por Coluna Hotelaria -Por Luiz Alonso em terça, março 26, 2013

A rotatividade sempre foi o tendão de Aquiles da prestação de serviços, por seguinte da hotelaria. Pensar em rotatividade sem analisar as causas é como estar estagnado em um período inadequado aos dias atuais. As empresas estão deixando de valorizar seus funcionários e, com isso, perdem uma mão de obra qualificada e dinheiro, muito dinheiro. Visto que a saída de um recepcionista gera custos significativos, e não apenas monetários.

Esta pesquisa é fruto de um artigo de um aluno, o Bruno Coneggatto que juntamente comigo sempre se preocupou com esta questão do turnover. Onde ele após ter passado pela recepção de um hotel, sempre se questionou como era possível gerir a mão de obra, qualifica-la e ainda procurar ser um diferencial no atendimento das questões operacionais desenvolvidas numa recepção de hotel. O salário é sem duvida, muito importante, porém como fator motivacional ele nunca vem sozinho, nestas questões. O ambiente de trabalho ajuda a reter o funcionário, mas e o que mais pode ser feito para atrair os melhores profissionais para dentro de uma empresa?

Atualmente verifica-se uma alta rotatividade e absenteísmo de funcionários no meio hoteleiro, por diversas questões, como ausência de percepção das necessidades e da satisfação dos empregados. Para analisar a rotatividade dos hotéis, foi pesquisado junto as 29 maiores empresas hoteleiras da cidade de Porto Alegre, conforme o Guia Quatro Rodas.

Figura 1: Rotatividade dos hotéis de Porto Alegre contidos no Guia Quatro Rodas 2012



Foi estabelecido este período por ser o que apresenta maior taxa de ocupação na cidade Porto Alegre, onde ocorrem os maiores eventos e festas, como a AGAS, EXPOINTER e Congresso Mundial de Cardiologia. Como verificado pela tabela de rotatividade dos hotéis, na data inicial da apuração havia um total 199 recepcionistas, nos empreendimentos pesquisados, após um período de 100 dias estavam trabalhando nestes mesmos hotéis um total de 188 recepcionistas. Neste período foi constatado numa apuração total que entraram 57 e saíram 68 recepcionistas. Com isso, foi possível calcular a média de turnover no período averiguado.

Por meio deste levantamento é possível verificar que o índice de rotatividade é analiticamente elevado, pois na hotelaria de Porto Alegre, num período tão curto de tempo (100 dias), houve a média de 37,21% de turnover. O que é considerado altíssimo em qualquer segmento econômico.

Após a realização deste levantamento, muitas questões ficam abertas para discussões internas nos meios de hospedagem e externas nas faculdades de turismo e hotelaria e procurar entender os motivos da rotatividade no setor da recepção dos hotéis de Porto Alegre, verificou-se que ela tem um índice acima da expectativa do autor em razão de uma variedade de causas. Por meio de uma análise é possível compreender o porquê do não engajamento dos funcionários com a organização. Sabe-se que é necessário existir a relação simbiótica entre empresa e trabalhador para evitar falhas primárias como vêm ocorrendo, e atingir os objetivos da empresa.

A primeira questão verificada é que neste período apenas um hotel manteve sua equipe, ou seja, no período de maior ocupação na cidade, quase a totalidade dos hotéis realizaram mudanças em seus quadros. Também é importante frisar que quando um novo funcionário é contratado, em muitos casos não existem treinamentos, seja comportamental, operacional ou instrumental, mas apenas acompanhamento das tarefas com um funcionário mais antigo, o que incorre em vícios e desconforto ao novo ‘colaborador’.

Enquanto o local de trabalho ou a empresa (chefia e espaço físico) não demonstrarem aos trabalhadores que eles são essenciais para manutenção do hotel e seus objetivos, a insatisfação se manterá, e com isso, os empregados continuarão a exercer seu poder de ausências (justificadas ou não) ficando alheios às responsabilidades e compromissos, resultando em prejuízos para a organização.

A organização deve prestar assistência contínua e conceder condições dos trabalhadores terem qualidade de vida dentro e fora do ambiente de trabalho oferecendo condições de crescimento e dignidade a eles. Segundo a pesquisa realizada, a rotatividade tem origem tanto em fatores motivacionais como em fatores relacionados ao ambiente de trabalho.

Constatou-se que a falta de liderança faz com que os recepcionistas não encontrem um caminho para seguir, e, com isso, a falta de motivação se torna evidente ocasionando a ausência de desafios e vontade de agregar novos conhecimentos. Ainda, a ausência de perspectiva de crescimento na empresa, a qual eleva a moral e aumentam as bonificações, a insegurança gerada pela não confiança do chefe no trabalho desenvolvido pelo empregado também gera falta de motivação.

Outro fator encontrado foi o de não haver comprometimento dos empregados com os objetivos da empresa e com o próprio setor de trabalho, fazendo com que a vontade de crescer seja inexistente. Tal situação evidencia a ausência de liderança, para que possa incutir em seus colaboradores o desejo de buscar a ambição dentro da empresa. Quanto aos fatores relacionados ao ambiente de trabalho, como o baixo nível salarial, a ausência de um bom ambiente de trabalho, a ergonomia laboral, a escala seis por um, o estresse decorrente da função, a ausência de cumprimento da legislação aplicada também foram detectados.

Relativamente ao crescimento dentro da empresa, verificou-se que está diretamente relacionado com o plano de cargos e salários oferecido pela organização, bem como com a atuação da liderança, que deve encontrar em seus colaboradores as necessidades e competências que cada um apresenta. De acordo com a pesquisa, a legislação é cumprida em parte. Demonstrando, com isto, a falta de comprometimento da organização com os funcionários. Pois quantas vezes verificamos um funcionário ficar além de seu horário ou até mesmo dobrar seu turno e as vezes por dias e dias consecutivos. Foi verificado com alguns recepcionistas que estes folgavam após um período de 20 dias, qual o resultado da produção de trabalho deste trabalhador?

No que se refere ao ambiente de trabalho verificou-se que há um grande descontentamento, o que significa ser a falta de um planejamento e objetivo da empresa. Com essa falta de estruturação, há uma grande probabilidade de iniciar a desmotivação, que ocasionarão atrasos e faltas e, em seguida, o pedido de desligamento da organização (seja por parte do empregado ou do empregador). É um processo do tipo ‘reação em cadeia’, ou seja, começa com a ausência de Fatores Higiênicos, transcorre através dos Fatores Motivacionais e culmina na insatisfação. Isso tudo gera o absenteísmo e em seguida a rotatividade no setor da recepção.

O trabalho apresenta como limitação a dificuldade de alguns gestores de conhecerem a rotatividade de seus empreendimentos, bem como divulgar dados que considerem estratégicos e também o receio por parte dos recepcionistas de apresentarem dados que poderiam vir a prejudicar seus empregos dentro das empresas hoteleiras.

Também é verificado que muitos trabalhadores não restando outra opção de trabalho no mercado, acabam caindo na hotelaria, sem o mínimo conhecimento e atitude necessária para o cargo, com uma baixa instrução e uma acomodação profissional, o que gera uma insatisfação e um baixo desempenho.

Por todas estas questões levantadas é possível verificar que é um assunto polemico, que preocupa e faz a diferença entre uma empresa hoteleira e outra, na hora de decidir para qual o futuro candidato deve ingressar para iniciar a sua carreira.


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Hotelaria


Luis Alonso Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria Graduado em Administração pela PUCRS e em Hotelaria pela UCS, Mestre em Qualidade Ambiental pela Feevale

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