VIAGEM PEDAGÓGICA
setembro 30, 2025
Sobre os trilhos da memória: A Ferrovia Mogiana e a civilização do café
Alunos do 8⁰ ano visitam à Maria Fumaça "Borsig 12", de fabricação alemã, em Ribeirão Preto, que transitou pelos trilhos da Mogiana, como complemento das aulas de História ministradas pelo Prof. Marcelo Botosso. A turma também visitou obras do artista ítalo-brasileiro Bassano Vaccarini cujo tema versa sobre imigração, povos originários e todo o mosaico étnico cultural que compõe o Brasil.
Na ocasião, os alunos também concederam entrevista à TV Record sobre a importância do Turismo Pedagógico na construção do saber.

Histórico
Na década de 1970, a outrora imponente Estrada de Ferro Mogiana vivia seus últimos suspiros como entidade autônoma, prestes a ser absorvida pela recém-criada FEPASA. Fundada em 1872, a Mogiana fora, por mais de um século, artéria vital do interior paulista e mineiro, conectando lavouras, cidades e destinos com seus trilhos de aço e locomotivas a vapor. Em meio ao avanço inexorável da modernização e à ascensão do transporte rodoviário, a ferrovia tornava-se uma espécie de relicário em movimento, onde cada estação evocava ecos de um Brasil agrário, romântico e profundamente enraizado na cultura do café. Vagões de madeira, apitos melancólicos e plataformas silenciosas compunham o cenário de uma despedida lenta e poética. Os trens da Mogiana, embora já operando com locomotivas diesel-elétricas, ainda carregavam consigo o verniz da tradição. Em cidades como Campinas, Ribeirão Preto e Uberaba, era comum ver senhores de chapéu e senhoras com malas de couro embarcando com a mesma reverência de décadas passadas — como se o tempo ali tivesse desacelerado. A cada curva da linha tronco, desenhada com precisão sobre vales e serras, a paisagem revelava não apenas geografia, mas também afetos sedimentados. O trem não era apenas transporte: era ritual, era encontro, era despedida. E em 1970, com mais de 2.600 vagões e centenas de carros de passageiros ainda em operação, a Mogiana resistia com dignidade ao seu crepúsculo. Hoje, ao revisitar esse período, o que resta é a melancolia férrea de uma era em que o Brasil se movia ao ritmo dos trilhos — e a Mogiana, com sua alma de aço e vapor, era a guardiã silenciosa de histórias que jamais descarrilarão da memória.
Postado por Dr Aventura.